Pessoal, feliz primeiro post de 2011! Para começar bem o ano, encontramos um fragmento da memória das lutas estudantis e do nosso Diretório Central em meio às postagens da comunidade Não ao aumento JP. Trata-se de uma cronologia que data do ano de 1988, onde os movimentos sociais e populares andaram de braços dados com o movimento estudantil na luta contra o aumento das tarifas no transporte coletivo e conquistaram o congelamento das tarifas e a criação do SETUSA, com passe livre estudantil. Vale a pena ler! O link é do flog RotaBus PB.
ESTUDANTES BOTAM PRA QUEBRAR
Num movimento começado pelos estudantes secundaristas e universitários, a Paraíba os viu irem para as ruas, enfrentar a polícia, levar mais de 30 mil pessoas para protestar no maior movimento popular que a história da Paraíba registrou: foram mais de 30 ônibus quebrados, vários incendiados, numa expressão viva de fúria que envolveu o povo nesses dias de protestos. O resultado foi a vitória. O Governo da Paraíba recuou, interviu na prefeitura, desmoralizou mais ainda o prefeito e congelou o preço das passagens.
15 de agosto - Reunião do conselho da STP (Superintendência de Transportes Públicos), onde foi homologado por sete votos a um, o aumento da tarifa para 44 cruzados. O DCE foi o único contra o aumento, entre os oito membros do Conselho. O presidente do DCE, Flávio Lúcio, foi expulso da reunião. Imediatamento, o DCE enviou um Telex ao prefeito Carneiro Arnaud exigindo a revisão do aumento. O prefeito fez ouvido de mercador.
16 de agosto - O DCE/UFPB, a FEPAC (Federação Paraibana das Associações de Comunidades) e a comissão Pró-UPES (União Pessoense dos Estudantes Secundaristas) realizam passeata de protesto até a sede da Prefeitura Municipal, exigindo uma audiência do prefeito Carneiro Arnaud, em resposta ao Telex. Carneiro não se encontrava na sede da prefeitura. Dois ônibus foram apedrejados. O presidente do Sindicato patronal, Abelardo Azevedo, joga a culpa dos apedrejamentos em João Xavier, diretor do DCE, Jaêmio Carneiro, do PV, e Vladimir Dantas, da FEPAC. Logo vê-se que as acusações são infundadas.
17 de agosto - O movimento ganha fôlego. Uma enorme passeata sai do Lyceu rumo à Prefeitura de João Pessoa, onde novamente o prefeito não é encontrado. Cresce a revolta popular. Muitos ônibus são apredrejados. O movimento é nacionalmente divulgado. Abelardo Azevedo é flagrado dando tiros para cima nas ruas.
18 de agosto - Pela manhã, ha uma grande investida nos rádios contra a liderança do movimento, taxada de oportinista e irresponsável. Até Dom José Matia Pires, no programa Correio Debate, aconselha o povo a não engrossar os protestos radicalizados contra o aumento das passagens. Vãs tentativas. O trabalho de mobilização da UFPB e escolas permanece e cresce em adesão e simpatia. Contudo, prevê-se que haverá enfrentamentos com a polícia. E realmente a polícia aparece. Antes de começar a passeata pacífica, a polícia aparece com violência batendo e prendendo manifestantes entre os quais Zenedy Bezerra, diretor do DCE. Os manifestantes resistem. Observando ser incontível a disposição dos manifestantes, a polícia sede, e após negociação envolvendo as entidades do movimento, a passeata ganha as ruas. Na prefeitura, novamente o prefeito Carneiro Arnaud não é encontrado. Chegando próximo ao viaduto a passeata já envolve praticamente toda população presente, naquele momento dentro da cidade. A partir daí, a revolta popular é incontrolável. E quebra-quebras repetem-se de todos os lados repetem-se por todos os recantos da cidade. Preocupados, reune-se o alto staff do governo do Estado. Burity tira da cartola uma proposta para contar a revolta popular: congelamento do preço da tarifa e a criação de uma empresa estatal de transportes públicos...
Manifestantes no Parque Solón de Lucena (Lagoa)
19 de agosto - A cidade amanhace sem transportes. Clima de feriado e ressaca. Às 10 hrs da noite, os ônibus voltam a cirular com os preços congelados. Vitória não do governador, mas do movimento popular organizado. Vitória do povo de João Pessoa. Exemplo para futuros embates.
Fonte: DCE Presente - Jornal do Diretório dos Estudantes da UFPB - Agosto de 1988, nº 1.
muito bom! refrescar a memoria é sempre bom...
ResponderExcluirÉ isso aêêê, muito bem. Isso foi um grande movimento na cidade, e mudou e muito as coisas: passagem congelada e uma nova empresa. Adianta e muito ir às ruas, basta ir e protestar. Parabéns ao Kristofer do Flog RotaBus PB pela postagem e ao DCE por divulgar aqui.
ResponderExcluirSim, só para constar:
ResponderExcluirO tal Abelardo Azevedo que é citado no texto, que foi flagrado dando tiro pra cima nas ruas vem a ser o então dono da ETUR, na época uma das maiores empresas de ônibus da capital. Ele estava dando tiros pra cima para dispersar a população revoltada que estava depredando um posto de apoio da ETUR que ficava alí onde atualmente é a Integração do Varadouro.
Tempos gloriosos que, a exemplo de João Pessoa, Campina Grande fez história, sob a liderança de Francisco (Tico) Brasileiro, hoje prefeito de Foz do Iguaçu. Eu estava lá iniciando a minha faculdade e também a minha militância
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